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Sentido da Cruz

Conforme o entendimento cristão, a cruz é um dos símbolos mais importantes do Cristianismo, porque a morte de Jesus Cristo nela e a Sua ressurreição, são o sacrifício que possibilita o perdão dos pecados e a reconciliação com Deus. Como gesto de assentimento na vida dos católicos, as pessoas se benzem com o sinal da cruz. Isto tem uma base bíblica: “Tome sua cruz e siga-me!” (Lc 9,23).

A cruz não deixou de ser uma meta construída por Cristo como alvo do projeto do Reino de Deus. A vida dos cristãos também tem meta a ser perseguida, que faz parte do processo de construção da própria identidade no mundo, mas projetada para a eternidade. Todas as pessoas almejam algo mais, mesmo que seja com a marca dos sofrimentos, das contingências existenciais e com as cruzes.

O Exílio da Babilônia foi tempo de muitas cruzes para o Povo de Deus. Esse fato, e tantos outros, sacrificam a população. Estamos em momento de Campanha Eleitoral, de visualização dos candidatos com as mais variadas propostas de ação, com o intuito de convencer os eleitores. Mas corremos sério risco de eleger alguém que poderá causar sofrimento e cruzes para toda a comunidade.

Por outro lado, é muito difícil conhecer o perfil e a vida pessoal de um autêntico e bom candidato, porque nenhum deles tem “estrela na testa”. Temos, sim, que desconfiar de quem apresenta propostas estranhas e irrealizáveis para convencer pessoas. Pior é ver aqueles que aparecem apenas nesses momentos, se apresentam generosos, piedosos e frequentes em nossas celebrações.

O Apóstolo Tiago diz que, “se a fé não se traduzir por obras, está morta” (Tg 2,17). Não basta uma fé de momento, de interesse eleitoreiro, de aparência cristã, sem prática concreta de doação às pessoas, sem empenho nas políticas públicas e o bem da sociedade. Não existe fé autêntica sem a experiência da cruz, de luta pelo bem comum e a dignidade de todos na comunidade.

Jesus demonstra uma ação de autoridade sem triunfalismo e dá sua vida em resgate dos sofredores. O triunfalismo de um político revela carreirismo e descompromisso com os objetivos da política, isto é, a construção do bem comum e de uma sociedade de vida e paz. Jesus mesmo indica: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34).

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

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