- Como ela surgiu?
Depois de experimentar o chamado no encontro com o Ressuscitado, no caminho de Damasco (At. 9,1-9); de ser iniciado à vida cristã na comunidade de Damasco, por Ananias, seu catequista (At. 9,10-22); de empreender sua primeira viagem, junto do experiente Barnabé, seu formador (At. 13), com quem experimentou o sucesso – queriam fazê-los deuses – e a rejeição – queriam apedrejá-los (At. 14), Paulo toma a decisão de subir a Jerusalém para encontrar Pedro e esclarecer dúvidas, discordâncias e ter por ele confirmada a sua fé e a sua prática missionária (At. 15,1-2). Pois fora exatamente isto que Jesus mesmo confiara a Pedro: “Confirma os teus irmãos na fé” (Lc. 22,32). Paulo informa que esta visita a Pedro durou 15 dias (Gl. 1,18).
Por esta época – em torno do ano 50 d.C. – as variadas comunidades cristãs, formadas pela missão dos apóstolos depois de Pentecostes, já viam em Pedro um vínculo de unidade de toda a Grande Igreja, a Católica – como era chamada em grego – e recorriam a ele como sinal de unidade, como fizeram Paulo e Barnabé.
- Conhecendo a sua história
No cristianismo antigo, o sepulcro era visto como a soleira (em latim: limen, liminis), isto é, o lugar de passagem da vida terrena para a vida eterna. Assim, a visita aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, em Roma, ficou conhecida como visita Ad Limina Apostolorum, que traduzido, significa, justamente, visita ao túmulo dos apóstolos.
A origem dessa visita remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Embora não se conheça com exatidão quando essa prática tenha se iniciado, sabe-se que, já no século II, algumas lideranças cristãs iam a Roma, em visita ao sucessor de Pedro. Com a expansão sempre crescente do cristianismo, tais visitas foram se tornando sempre mais frequentes. Assim, de um costume subjetivo, a visita a Roma tornou-se, com o passar dos tempos, uma obrigação canônica.
Ao longo dos séculos XI e XII os bispos visitavam o papa anualmente; mas as dificuldades de uma viagem a Roma inviabilizava, muitas vezes, o cumprimento dessa prática. Por isso, já antes do Concílio de Trento (1545-1563), havia o desejo de que a periodicidade dessa visita fosse de três em três ou de cinco em cinco anos, pois, do contrário, os bispos não poderiam cumprir o requisito da residência em suas respectivas sedes. Após o Concílio Tridentino a visita Ad Limina foi regulamentada através da Constituição Romanus Pontifex, de 1585, do papa Sisto V, a qual determinou que a cada três anos os bispos da Itália deviam ir a Roma para venerar os túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo e para apresentar ao papa um relatório sobre o estado de cada diocese. Quanto aos bispos dos demais países, a periodicidade da visita variava de acordo com a distância de Roma, sendo que os da Ásia, os da América e os do resto do mundo estavam obrigados a realizá-la a cada dez anos.
Às determinações de Sisto V seguiram-se outras, que modificaram o modo e o ritmo das visitas dos bispos ao papa. No século XVIII, por exemplo, foram publicadas instruções sobre como os bispos deviam preparar seus relatórios, com indicações precisas sobre os temas que estes deviam abordar. O papa Bento XIV, falecido em 1758, determinou que os bispos italianos realizassem a visita a cada três anos e que os bispos de todos os outros países do mundo a fizessem de cinco em cinco anos. No ano de 1909, no pontificado de Pio X, pelo decreto A Remotissima, foram feitas novas indicações acerca das visitas Ad Limina. Entre elas, foi dado um questionário de 150 perguntas que os bispos deviam responder no relatório a ser entregue ao papa, antes da visita. Com a publicação do Código de Direito Canônico, em 1917, as visitas Ad Limina foram sancionadas e confirmadas nos seus três aspectos fundamentais, válidos ainda hoje, a saber: a apresentação do relatório sobre o estado das dioceses, a veneração dos túmulos dos apóstolos, em suas respectivas basílicas, e a visita ao papa.
Nas três últimas décadas anteriores ao Concílio Vaticano II (1962-1965), poucas modificações foram feitas quanto às visitas Ad Limina. Porém, passado o evento conciliar, que dera ênfase à importância do relacionamento entre os bispos e o sucessor de Pedro, em 1975 o decreto Ad Romanam Ecclesiam daria novas orientações para as mesmas visitas. E, nessa linha, o atual Código de Direito Canônico, promulgado em 1983, manteve a obrigatoriedade aos bispos e aos ministros a eles equiparados, de realizarem a visita ao papa a cada cinco anos. Desse modo, cum Petro et sub Petro, as igrejas locais são confirmadas na fé e crescem na comunhão com o bispo de Roma, sucessor do príncipe dos Apóstolos, sinal visível da unidade e constituído por Cristo, em sua Igreja, na missão de fortalecer os seus irmãos (cf. Lc 22,32).
- Como nossos bispos a realizarão em 2022
Entre os dias 15 a 29 de outubro, os bispos do Regional Leste 2 da CNBB, que corresponde atualmente ao estado de Minas Gerais e do Regional Leste 3, estado do Espírito Santo, farão a sua visita Ad Limina Apostolorum. Nesta ocasião, os 33 bispos:
Dia 15 – Sábado:
Partirão do Brasil.
Dia 16 – Domingo:
Chegarão a Roma e se hospedarão no Pontifício Colégio Pio Brasileiro.
Dia 17 – Segunda-feira:
Visitarão o
Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral;
Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica;
Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores e
Celebrarão a Santa Missa na Basílica Papal de Santa Maria Maior.
Dia 18 – Terça-feira:
Celebrarão a Santa Missa na Basílica Papal de São Pedro, no altar do Túmulo de São Pedro e visitarão o
Dicastério para os Bispos;
Dicastério para a Doutrina da Fé;
Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica;
Dicastério para as Causas dos Santos e
Secretaria Geral do Sínodo.
Dia 19 – Quarta-feira:
Celebrarão a Santa Missa na Basílica Papal de São João de Latrão e visitarão o
Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização;
Dicastério para a Educação Católica;
Dicastério para o Clero e
Dicastério para a Comunicação.
Dia 20 – Quinta-feira:
Terão audiência com o Papa Francisco, na Biblioteca do Vaticano, visitarão a Pontifícia Comissão para a América Latina e terão um encontro na Embaixada Brasil Santa Sé.
Dia 21 – Sexta-feira:
Visitarão o
Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
Dicastério para Leigos, a Família e a Vida
Secretaria de Estado e Segunda Seção (Relações com os Estados)
E celebrarão a Santa Missa na Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros.
Dia 22 – Sábado:
Terão uma manhã livre e à tarde visitarão a Opera Della Chiesa (Obra da Igreja).
Dia 23 – Domingo:
Visitarão a cidade de Assis, de São Francisco e Santa Clara.
Dia 24 – Segunda-feira:
Dedicarão o dia a um retiro espiritual, no Pontifício Colégio Pio Brasileiro,
sob a orientação do cardeal, poeta e teólogo português, Dom José Tolentino de Mendonça.
Dias 25 e 26 – Terça e quarta-feira:
Serão dias dedicados a atividades pessoais de cada bispo.
Dia 27 – Quinta-feira:
Retornarão ao Brasil.
Acompanhemos nosso arcebispo de Pouso Alegre, Dom José Luís Majella Delgado, CSsR; nosso bispo da Campanha, Dom Pedro Cunha Cruz; e nosso bispo de Guaxupé, Dom José Lanza Neto, que nos levam a todos em seus corações de pastores, com nossas fervorosas orações.
- Rezando pelo bom êxito da visita Ad Limina Apostolorum dos nossos bispos
Senhor,
vós que nos destes em São Pedro e em São Paulo, colunas da Igreja,
o perfeito testemunho de amor pelo vosso Reino,
nós vos pedimos que a visita Ad Limina, realizada pelos nossos bispos,
confirme em seus corações o ardor pastoral
e o verdadeiro amor pela vossa Igreja.
Que, à sombra da fé dos Apóstolos,
nossos pastores renovem seu zelo evangelizador
e encontrem forças para permanecerem sempre fiéis à sua missão.
Nós vos suplicamos, ó Pai, que eles,
reunidos fraternalmente e em comunhão com o papa Francisco,
sintam-se irmanados a nós, seu rebanho,
e cresçam no compromisso de conduzir vosso povo
na mesma fé que levou São Pedro e São Paulo
a darem a vida pelo Evangelho.
Por Cristo Senhor nosso.
Amém!
Pai-nosso…Ave Maria…Glória ao Pai…
Este texto foi produzido pela Província Eclesiástica de Pouso Alegre/MG, através dos padres: Pe. Hiansen Vieira Franco (diocese de Guaxupé), Pe. Jean Poul Hansen (diocese da Campanha) e Pe. Vanildo de Paiva (arquidiocese de Pouso Alegre).