O mês de novembro é dedicado à conscientização dos fiéis sobre o significado e a importância do Dízimo. Por isso, hoje, vamos refletir sobre um dos cinco fundamentos do Dízimo.
O DÍZIMO É EXPRESSÃO DE FÉ. Ele é uma forma de reconhecer que tudo pertence a Deus e que, ao oferecer uma determinada quantia, está oferecendo tudo o que é e o que tem, consciente de sua transitoriedade por aqui, nessa casa provisória. Portanto, antes de contribuir com a comunidade por que ela precisa ser sustentada, entrega-se a Deus o próprio ser e o próprio ter. É Deus a razão da existência da comunidade; esta se reúne em nome de Deus. Esta comunhão caracteriza a espiritualidade do dízimo, onde Criador e criatura se entrelaçam por iniciativa e graça do Criador.
O DÍZIMO É UMA OPÇÃO CONSCIENTE. Ele não é obrigação; é escolha. Ninguém tem que ser dizimista por força de lei, já que esta lei não existe. Como compromisso moral, a contribuição com o dízimo nasce de uma decisão pessoal que exprime a pertença efetiva à Igreja vivida em uma comunidade concreta. O cristão que opta por ser dizimista o faz a partir da fé, ou seja, ele toma a decisão pela razão, estando esta iluminada pela fé. Razão e fé fazem do dizimista uma pessoa que sabe o que faz, que assume um compromisso consciente, certo de que o faz após refletir e discernir pela partilha.
O DÍZIMO É PARTILHA GENEROSA.
Assim como a decisão de contribuir com o dízimo, também a escolha da quantia destinada para isso é decisão da consciência, iluminada pela Palavra de Deus, sensível às necessidades da Igreja e dos pobres. A Igreja busca caminhos para cumprir a missão de evangelizar, optou pelo dízimo por entender que ele é o “sistema de contribuição” ideal para o cristão. “Quantia generosa” significa uma quantia importante e significativa para quem a partilha. Pode ser 1%, 5%, 10%, 20% dos rendimentos do dizimista, pois, mais do que uma questão de números, o dízimo é uma questão de generosidade.
O DÍZIMO É CONTRIBUIÇÃO ESTÁVEL.
Sendo opção livre e consciente, o dizimista assume um compromisso com a sua comunidade de fé, declarando-lhe, ao fazer-se dizimista, que ela pode contar com ele. Ou seja, o dizimista propõe-se a contribuir sem que seja necessário que todos os meses alguém tenha que lembrá-lo do compromisso que assumiu. A contribuição com o dízimo é estável, assumida de modo permanente. Por ser estável, não significa que o dizimista que não contribuir com um ou mais meses, por não ter com o que contribuir, passe a ter uma dívida com a comunidade, ou se torne inadimplente.
O DÍZIMO É PERIÓDICO. Nossa sociedade é regida por compromissos mensais, na maior parte de suas atividades; logo, nossas comunidades também o são. Logo, periódico significa mensal. Isto vale para as comunidades urbanas, mas pode não valer para as comunidades rurais; para elas pode ser mais conveniente outra modalidade de tempo, como por ocasião da colheita ou da venda do produto.
Em resumo, eis o essencial quanto aos fundamentos do dízimo. Enquanto pastoral, o dízimo deve ser: expressão de fé; opção consciente; uma quantia importante e significativa; contribuição estável; periódico (mensal). Chamo a atenção para o 1º fundamento (dízimo como expressão de fé). Sem ele teremos um dízimo pagão, sem Deus, que coloca em 1º lugar a arrecadação, não a partilha.
Dom Antônio Carlos Félix
Bispo de Governador Valadares