A cidade de Mariana receberá a Romaria, no dia 9 de novembro de 2025, quando se recorda os 10 anos de rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, e antes disso, haverá mais quatro reuniões – fevereiro, maio, agosto e outubro – para a construção da pauta e definir mais detalhes sobre evento, pois, a expectativa é receber em Mariana, em torno de sete mil pessoas.
De acordo com os participantes, tudo será definido à luz da Campanha da Fraternidade de 2025 que, terá o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, com o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31) e a recordação dos 10 anos da encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, sobre a ecologia integral.
A Província Eclesiástica de Mariana, composta pelas Arquidiocese de Mariana e as Dioceses de Governador Valadares, Itabira e Coronel Fabriciano e Caratinga, discutiram as metodologias dos seminários e encontros que serão realizados ao longo de 2025, já em preparação para o dia 9 de novembro.
Para isso, serão convidadas as comunidades atingidas pela lama de rejeitos e a sociedade em geral para debater sobre as degradações do meio ambiente, principalmente, aquelas ao alongo da bacia do Rio Doce.
Para o Assessor da Dimensão Sociopolítica da Evangelização da Arquidiocese de Mariana, Padre Marcelo Moreira Santiago, a ideia é despertar uma consciência mais humana sobre os recursos naturais que existem. “Esse encontro marca nossas lutas para que haja uma mineração que possa produzir consciência e não a exaustão dos recursos da terra e da natureza, gerando situações como os crimes socioambientais e humanos como o de Mariana e de Brumadinho como nós tivemos e, que isso não se repita”, ressalta Padre Marcelo.
A Romaria é itinerante, a cada ano ela acontece em uma Diocese que compõe a Província, mas ela se estende por todo o Rio Doce, e por isso envolve a Diocese de Gunhães e algumas Dioceses do Espírito Santo.
Para o membro da Comissão Episcopal Regional para a Ecologia Integral de Mineração da CNBB Leste II, Wellington de Azevedo, o objetivo é “lutar pela recuperação da Bacia do Rio Doce e de seus moradores, porque destruiu a fauna e a flora, além das vítimas fatais. Conscientizar a população de cuidar do meio ambiente, dos nossos rios e reivindicar direitos, principalmente, daqueles que perderam”.
Em tempos de crises socioambientais e humanos, a proposta é mobilizar a Igreja e a sociedade civil para agir em defesa do meio ambiente, sua preservação e, também, a reparação de possíveis danos causados por grandes empresas de mineração.
De acordo com o Padre Romério da Silva, da Diocese de Governador Valadares, “a missão é trabalhar em prol do cuidado do meio ambiente a nível de província, principalmente depois do rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, onde matou-se o Rio Doce. Nossa proposta é ser um fórum permanente de discussão sobre o meio ambiente, proteção da Casa Comum que o Papa Francisco tanto nos pede”, declara Padre Romério.
Ele lembra ainda que a Romaria tem a missão de tornar viva a memória das pessoas que tiveram suas vidas ceifadas e ao mesmo tempo despertar a sociedade civil para o cuidado com meio ambiente em que vivemos.
Carta Aberta
Durante o encontro, os membros da Comissão do Meio Ambiente da Província Eclesiástica de Mariana, do Fórum Permanente em Defesa da Bacia do Rio Doce e do Instituto Padre Nelito Dornelas, redigiram uma Carta Aberta de Repúdio sobre a decisão judicial que inocentou as empresas e seus responsáveis pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015.
Além disso, a Carta expressa, também, a indignação pela falta de transparência e participação direta das pessoas vítimas desse desastre, e lamenta a homologação do acordo feita pelo Supremo tribunal Federal (STF) favorecendo aos interesses empresariais.
Leia a Carta na íntegra.
Texto e Fotos: Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Mariana