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Tempestades de hoje

São muitas. A luta deve ser pela calmaria, serenidade e paz. As grandes e frequentes dificuldades da vida concreta das pessoas não podem distorcer e desqualificar a dignidade e o direito inalienável de cada ser humano. Diante dessa realidade, devemos considerar que não estamos sozinhos no mundo. Sentimos a necessidade da vida fraterna, de um apoiar o outro em suas urgentes necessidades.

As tempestades existentes na vida das pessoas, dentro do contexto social, podem revelar a real pequenez e fragilidade do ser humano, porque ele não consegue harmonizar todos os embates que o cercam, cotidianamente. É fundamental investir na revitalização das forças subjetivas e pessoais, principalmente na prática da serenidade e de superação das tendências revanchistas e de vingança.

Ao navegar através do Mar da Galileia, os discípulos de Jesus tiveram que enfrentar a tempestade das águas agitadas (cf. Mc 4,37). A segurança deles veio do próprio Jesus, que dormia no porão da embarcação. É em Deus que as pessoas devem buscar refúgio, principalmente durante os momentos tumultuados e causadores de sofrimento, de falta de paz interior na convivência social.

Na vida de Jesus Cristo, a cruz foi uma expressão máxima de tempestade, porque gerou nele aniquilamento total e morte. Na maneira de pensar do apóstolo Paulo, esse fato de esvaziamento da vida pessoal fortalece a capacidade para a pessoa ser habilitada para vencer as armadilhas provocadas pelas maldades do mundo. Assim dizemos que a humildade supera a força do egoísmo e da arrogância.

A palavra tempestade está ligada aos termos medo, falta de confiança e derrota. No caso da tempestade no mar da Galileia, enxergamos duas evidentes realidades. De um lado reinava o terror dos discípulos e, do outro, a paz de Jesus, dormindo tranquilamente num dos espaços da embarcação. Isto reflete os desacordos numa vivência social ou familiar. Uns agem a favor e outros contra.

Jesus acode os discípulos no momento de medo. Há muitas tempestades hoje, que dependem de mecanismos conciliadores. A sociedade é comparada a um barco sujeito a todo tipo de vento forte. As pessoas às vezes se sentem sozinhas ao serem confrontadas e incompreendidas. Assim experimentam a impotência, a fragilidade e o abandono. O refúgio seguro só é encontrado em Jesus Cristo.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

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