Agora é novo ano, mas na claridade da luz, que veio do Natal. Uma luz cujos raios espalham-se por todos os lados, abrindo os olhos das pessoas para enfrentar, com serenidade, as surpresas do porvir. Essa luz é o próprio Deus, em Jesus Cristo, em quem devemos ter os olhos fixos. É uma questão de fé e fonte de esperança, onde o ser humano encontra firmeza para não ser abatido nas dificuldades.
Jesus é Deus que se encarnou para servir a humanidade e quer que nos tornemos seus porta-vozes no mundo, para construir o bem. O mal, apesar de estar no contexto da história, não é o que constrói o Reino de Deus. Os diversos profetas do Antigo Testamento já alertavam sobre as trevas da maldade que envolvem as nações, tornam-nas fragilizadas e mergulhadas na injustiça e violência.
É necessário estar de prontidão para fazer 2024 ser um ano de conquistas positivas. Apesar da luz, que é Jesus Cristo, no mundo existem muitas atitudes e práticas negativas, tirando a serenidade da vida humana. Essa prontidão significa lutar para construir valores que elevem as pessoas. O grande valor é a solidariedade, superando a realidade atual do individualismo e egoísmo reinantes.
O mais significativo da história da salvação e na prática da fé não é só o encontro com uma doutrina, com um dogma ou uma verdade, mas com uma Pessoa, com Jesus Cristo. Ele dá publicidade de sua presença e de encontro com quem o aceita e “abre mão” de seu endeusamento e fechamento. Dessa atitude concreta nasce a capacidade para se viver em comunidade e abertura ao outro.
A cidade de Belém, onde nasceu Davi e Jesus, é espaço de fé tanto para os judeus como para os cristãos. Foi por aí que os Reis Magos do Oriente, guiados por uma estrela, visitaram o Menino Jesus e o encontraram numa manjedoura. Herodes estava por perto, mas perturbado no seu poder de rei, por saber do nascimento de um novo Rei com poder absoluto, conforme o anúncio dos profetas.
Na visão egoísta de Herodes, não poderia existir outro rei, porque entraria em concorrência consigo e haveria disputa entre eles. Por isto quis eliminá-lo ainda enquanto era criança. O Rei Herodes não despertava segurança para o povo, muito diferente do Menino Jesus que trouxe esperança de um mundo mais justo e solidário para todos. Como Herodes, muitos não reconheceram o mistério de Jesus.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba