Na Festa de Cristo Rei encerramos o Ano Litúrgico da Igreja. Neste 2023, terminamos também o Terceiro Ano Vocacional no Brasil. Tudo isto revela o cuidado amoroso de Deus para com a Igreja e com o seu povo. É momento de muita gratidão e louvor, mesmo neste instante crítico vivido pela sociedade com as guerras, revelando a grande incapacidade do mundo em relação à prática do amor.
É o mesmo Deus quem conduz toda a humanidade e o faz com carinho, desejando a vida e a dignidade das pessoas. Ele está sempre presente e de forma discreta na história dos povos. O cenário atual de guerra, quando todos perdem, é uma afronta ao Criador. As guerras provocam forte desespero em todos os atingidos, inclusive podendo provocar neles a sensação de que Deus os abandonou.
Ter o devido cuidado amoroso no trato para com as pessoas exige prática da justiça. Esta deveria ser a forma de agir de todo tipo de autoridade, seja ela no âmbito do religioso ou da política. Os naturais problemas e as dificuldades precisam ser superados com bastante sabedoria e sempre procurar caminhos que podem facilitar o diálogo para a realização de uma administração saudável.
Chegamos a mais um término de Ano Litúrgico, tempo de esperança, fundamentados no cuidado de Deus, na abertura para o novo ano. Agora começa o Tempo do Advento, de preparação para as Festas natalinas, preparando-nos para o nascimento de Cristo. Para quem participa da Novena de Natal, o clima festivo se transforma num compromisso de intimidade criativa com o Menino Deus.
O termo isolado, “fim”, retrata uma realidade preocupante em relação à vida. Falamos de fim do ano, mas também envolve uma questão de futuro, de esperança e de vida eterna. O tempo é espaço de construção da identidade individual e cristã, tendo consciência de que, no fim dos tempos, haverá o julgamento de Deus. A bíblia fala de separação entre ovelhas, os bons, e cabritos, os maus (Mt 25, 32).
Todas as relações fraternas praticadas durante todo o ano litúrgico, que ora termina, se foram apoiadas em dimensões cristãs, evidenciam o cuidado amoroso do cristão em relação às pessoas. Elas revelam a prática do amor, preconizado por Jesus Cristo em seu Evangelho, como gestos concretos de caridade. Com o cuidado diário, o novo ano deve ser com muito mais fecundidade fraterna.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba