É de grande significação a comemoração do 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, uma data de evidência para o Brasil e para toda população brasileira, porque grande parte do povo do país é de origem negra. Historicamente, os brancos vieram de países da Europa e os negros de países da África, fazendo a junção de dois importantes povos, vindos de contextos bem diversos.
Essa data, como reconhecimento da importância da raça negra para a formação da população brasileira, é comemorada no Brasil desde 2011, mas a partir de 2023 o 20 de novembro, que marca a morte de Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, no Estado de Alagoas, tornou-se um feriado nacional, com a Lei 14.759/23, sancionada pelo atual Presidente da República.
É importante ter em mente que o Brasil é o país com maior população negra fora da África, chegando ao número de 110 milhões. É uma raça que, historicamente, trouxe grande contribuição para a formação da sociedade brasileira. Isto fundamenta perfeitamente os reais motivos porque é dado tanto significado e valor às celebrações e manifestações que acontecem no Dia da Consciência Negra.
As celebrações surgiram das lutas dos movimentos sociais, inconformados com o nível de atitudes racistas na população do país, reflexo daquilo que acabou levando à morte violenta do negro, Zumbi de Palmares, grande lutador em defesa de sua raça. A luta não parou por aí, porque cresceu a consciência contra o racismo, provocando a oficialização do Dia Nacional da Consciência Negra.
Sabemos bem do valor da comunidade negra. Ela trouxe grande contribuição para a formação da cultura do país e merece ser homenageada através de seu maior líder, Zumbi, o último chefe dos quilombos, escravizados nos engenhos de açúcar da Zona da Mata nordestina. A organização liderada por Zumbi de Palmares chegou a reunir, naquele tempo, mais de trinta mil pessoas.
Agora é criar espaço de reflexão sobre questões raciais no Brasil. Reconstruir, como também, reconhecer a importante história do negro na camada da sociedade e reduzir as desigualdades que depreciam tanto a dignidade humana. Para isto, é fundamental a realização de cursos, seminários, oficinas, audiências públicas e outros eventos que formam consciência nas pessoas.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba