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Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12, 50)

No último final de semana, mais uma vez milhares de homens estiveram reunidos no Santuário de Aparecida para a 16ª Romaria Nacional do Terço dos Homens. O ponto alto do encontro anual é a Missa Solene celebrada na manhã de sábado, neste ano, 24 de fevereiro, na Tribuna Dom Aloísio Lorscheider.

Naquele dia, a Palavra de Deus nos dizia que, em certa ocasião, quando Jesus estava pregando para multidões, sua Mãe e seus parentes se aproximaram e queriam falar com ele. Jesus, então, anunciou: “Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12, 50).Não há nestas palavras qualquer desprezo de Jesus pela família humana, mas sim a alusão a uma outra forma familiar, também legítima, que é a família no sentido espiritual.

Na cultura judaica, a família é muito importante. Todo o povo judeu considera-se filho de Deus, tanto que a Páscoa judaica é celebrada em família. Assim, para Cristo, só pode mesmo ser seu seguidor quem quiser fazer parte da sua família espiritual, que é justamente a Igreja. Entramos para esta família através do Batismo, mas o que nos conserva fiéis é nosso esforço de cada dia de escutar a Palavra de Deus e procurar fazer a sua vontade em nossa vida.

Sabemos que, entre aquelas multidões, muitos aceitavam a palavra de Jesus, outros a rejeitavam e alguns eram indiferentes. Entre os que acolhiam atentamente a sua palavra, palpitava no coração o desejo de segui-lo mais de perto, de se tornarem seus discípulos. O discípulo não é apenas aquele que aprende alguns conceitos do seu Mestre, mas aquele que se torna familiar com ele, que caminha com ele, que está disposto a conviver com ele como irmãos e que imite sua mãe, a mulher mais santa da humanidade, que só viveu para obedecer a Palavra de Deus. “Eis aqui a escrava do Senhor; cumpra-se em mim a tua palavra”(Lc 1, 38), disse ela ao Arcanjo Gabriel, na Anunciação.

Maria nos ensina a sempre fazer a vontade de Deus, a estar perto de Deus, a sermos íntimos dele, membros de sua família. De certa forma, podemos também imitar, em nós mesmos e em nosso meio, a maternidade de Maria. Quando fazemos nascer no coração o amor a Cristo, quando geramos Cristo na vida de alguém ou no nosso próprio coração, imitamos a maternidade de Maria. Somos irmãos de Cristo quando nos unimos como única família, como nos incentiva a CF deste ano, com seu lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23, 8).

A oração do Terço nos torna familiares com Jesus e com Maria, pois meditamos sobre as passagens mais importantes da vida de Cristo, Palavra Viva do Pai. Nos grupos de Terço dos Homens em todo o Brasil, experimentamos o clima familiar, sentimos de perto o que é ser irmão de verdade. Entre nós não há divisão, nem de raça, nem de cor, nem de profissão, nem de idade.

Cada vez que contemplamos os mistérios do Rosário, ficamos iluminados pela Palavra de Deus, que é o próprio Cristo. Ele é o Verbo de Deus que se fez carne, nos ensina São João Evangelista no prólogo de seu evangelho. Certa vez, Jesus mesmo disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Diante dele, enquanto desfiamos as contas do nosso Rosário, estamos na Sua plena luz, da Palavra que se fez carne, e podemos dizer, no fundo de nosso coração: “Tua Palavra é luz do meu caminho” (Sl 119, 105).

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Bispo Referencial do Terço dos Homens no Brasil

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