No dia 06 de dezembro de 2025, a Arquidiocese de Mariana, a primeira Diocese de Minas Gerais, celebrará seus 280 anos de criação, construindo uma trajetória de quase três séculos de evangelização, fé, esperança e serviço. As celebrações jubilares acontecerão em 06 de dezembro de 2025, com uma Santa Missa, às 10h, na Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, em Mariana (MG).
A Fundação e o Legado Histórico

A criação da Arquidiocese de Mariana remonta a 6 de dezembro de 1745, estabelecida pela Bula Candor Lucis Aeternae do Papa Bento XIV. Este fato consagra sua importância como a primeira Diocese de Minas Gerais e uma das mais antigas do Brasil. Esta Igreja particular é um símbolo vivo da espiritualidade que moldou a cultura mineira.


É importante ressaltar que a elevação da Diocese à categoria de Arquidiocese, juntamente com o bispado de Belém do Pará, ocorreu posteriormente, em 1º de maio de 1906, por meio do documento pontifício Sempiternam Humani Generis, de São Pio X.
O primeiro Bispo eleito para a recém-instituída Diocese de Mariana foi Dom Frei Manoel da Cruz (1745-1764). Ele que foi um pastor dedicado, inspirando o processo de urbanização de Mariana e sendo responsável pela colocação do famoso Órgão Arp Schnitger na Catedral da Sé. O primeiro Arcebispo, já após a elevação em 1906, foi Dom Silvério Gomes Pimenta (1897-1922), que era natural da própria diocese.


A Igreja-Mãe de Minas Gerais
A Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção, conhecida como Sé de Mariana, é a igreja-mãe da Arquidiocese e, portanto, a “Igreja Mãe das Igrejas de Minas Gerais”. Dedicada atualmente a Nossa Senhora da Assunção, ela é um dos edifícios religiosos mais antigos do Brasil.


Entre seus inestimáveis tesouros de arte e arquitetura barroca, destaca-se o Órgão Arp Schnitger. De origem alemã, datado do século XVIII e presente do rei de Portugal, Dom João V, este instrumento raro teve suas peças (os someiros, que funcionam como os pulmões do órgão) enviadas para restauro em Cuenca, na Espanha. O restauro do órgão foi concluído em novembro, assim como o restauro estrutural da Catedral, que foi reaberta em dezembro de 2022, após seis anos de obras.


E cabe destacar que a Catedral da Sé é a única entre as catedrais instituídas no período colonial que mantém seus traços originais e se encontra tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).



As Comemorações do Jubileu de 280 Anos
Para marcar a data significativa dos 280 anos, a Arquidiocese de Mariana, por meio da Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM), idealizou o “Projeto Memória: 280 Anos de Criação da Arquidiocese de Mariana”.
A proposta deste projeto é resgatar a memória histórica e afetiva da Arquidiocese, abordando temas como a história dos Bispos e Arcebispos, as Igrejas Tricentenárias, o Seminário e os Arquivos e Museus. O material produzido deu origem a uma amostra itinerante de 38 painéis ricos em fatos históricos.
Outras ações importantes do jubileu incluem:
- Hino e Selo Comemorativos: A FDLM promoveu concursos para a escolha do hino e do selo comemorativos. O hino vencedor foi intitulado “Jesus Cristo, o ‘Esplendor da Luz Eterna’”.
- Assembleia de Pastoral: Os 280 anos da Arquidiocese foram um tema central da 32ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral em setembro, dedicada na avaliação do atual Projeto Arquidiocesano de Evangelização (PAE) e na elaboração de um novo projeto.
- Transparência e Divulgação: O Departamento Arquidiocesano de Comunicação (Dacom) lançou a série “Séculos em Som”, abordando a história, o funcionamento e o restauro do Órgão Arp Schnitger.
O Período Recente: Os Últimos Arcebispos e a Pastoral Moderna
A história da Arquidiocese de Mariana é marcada por grandes líderes. Nos anos mais recentes, três arcebispos tiveram papéis fundamentais na moldagem da ação pastoral e na articulação da Igreja em Minas Gerais e no Brasil:
Dom Luciano Pedro Mendes de Oliveira (1988-2006)

Dom Luciano Mendes de Almeida, nascido no Rio de Janeiro, foi nomeado o quarto Arcebispo de Mariana em abril de 1988, após ter sido eleito Presidente da CNBB. Sua chegada trouxe um grande impulso à ação pastoral da Arquidiocese.
Antes de vir para Mariana, Dom Luciano foi Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, por indicação de Dom Paulo Evaristo Arns.
Em Mariana, Dom Luciano concentrou-se na organização administrativa e pastoral:
- Vicariatos Regionais: Ele constituiu os vicariatos regionais para impulsionar a evangelização e os serviços pastorais, facilitando a administração arquidiocesana.
- Ação Ativa: Realizou visitas pastorais e buscou ser uma voz presente nas inúmeras paróquias, participando ativamente das questões eclesiásticas locais.
- Organização Pastoral: Uma de suas primeiras ações foi organizar a Arquidiocese em cinco regiões pastorais (norte, oeste, leste, centro e sul).

Dom Geraldo Lyrio Rocha (2007-2018)

Dom Geraldo Lyrio Rocha, natural do Espírito Santo, iniciou seu pastoreio em Mariana em 23 de junho de 2007. Ele trouxe uma vasta experiência eclesial, tendo sido o primeiro Bispo de Colatina (ES) e, posteriormente, o primeiro Arcebispo de Vitória da Conquista (BA).
Seu episcopado em Mariana foi marcado pela valorização das instâncias administrativas e pela defesa do patrimônio:
- Liderança Nacional: Dom Geraldo foi Presidente da CNBB entre 2007 e 2011, além de ter sido membro de organismos eclesiais na América Latina e na Santa Sé.
- Patrimônio Cultural: Empreendeu iniciativas em prol do patrimônio artístico, cultural e religioso da Arquidiocese.
- Participação Eclesial: Participou de importantes eventos da Igreja, como as Conferências de Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007), e de vários Sínodos.
- Emérito: Tornou-se Arcebispo Emérito em 23 de junho de 2018, e veio a falecer em julho de 2023.
Dom Airton José dos Santos (2018- Atual)

O atual Arcebispo Metropolitano, Dom Airton José dos Santos, natural de Bom Repouso (MG), ingressou no ministério em Mariana em 23 de junho de 2018. Formado em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, ele já havia atuado como Bispo de Mogi das Cruzes e Arcebispo Metropolitano de Campinas.
Dom Airton tem focado na revitalização e no caminho sinodal da Arquidiocese:
- Liderança Regional: Dom Airton exerce a função de Vice-Presidente do Regional Leste 2 da CNBB.
- Clero Marianense: Entre suas iniciativas, destaca-se a revitalização do projeto da Casa do Padre e a ordenação de seis Bispos do Clero Marianense.
- Sínodo e Pandemia: Promoveu a experiência do caminho sinodal e emitiu orientações pastorais importantes para o enfrentamento da pandemia.
- Jubileu: Foi Dom Airton quem nomeou as comissões avaliadoras para a escolha do Hino e do Selo comemorativos dos 280 anos da Arquidiocese, iniciativa desenvolvida pelo Projeto Memória da Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM).
- Patrimônio: Em novembro, Dom Airton esteve presente na conclusão dos trabalhos de montagem e afinação do histórico Órgão Arp Schnitger na Catedral da Sé, marcando a entrega final do restauro desse instrumento raro.
Assim, ao celebrar sua história, a Arquidiocese de Mariana – a Primaz de Minas Gerais – reafirma seu papel central, conectando as raízes profundas da fé colonial com as ações pastorais e administrativas que moldam o presente da Igreja no Regional Leste 2 da CNBB.
Informações e fotografias disponibilizadas pelo Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Mariana






