
O livro A ideologia da vergonha e o clero do Brasil, do professor e pesquisador William Castilho, chega ao público como uma obra de grande relevância para leitores religiosos e não religiosos que desejam compreender os desafios enfrentados na formação presbiteral no país. O lançamento acontecerá no dia 03 de novembro, às 19h30, no auditório anexo da Igreja São José, em Belo Horizonte.
Resultado de pesquisas que analisam a realidade dos seminários brasileiros, o autor apresenta uma reflexão crítica sobre o risco de transformar a formação clerical em verdadeiras “cavernas platônicas”, onde a percepção da realidade pode ser limitada por ideais distantes da vida concreta.
A obra se desenvolve em três eixos principais. Inicialmente, Castilho expõe as origens econômicas e socioculturais dos padres e seminaristas brasileiros. Em seguida, estabelece um contraste entre a cultura familiar de grande parte desses vocacionados e as exigências da cultura contemporânea. Por fim, apresenta o encontro – muitas vezes doloroso – entre essas duas dimensões, revelando como esse choque pode gerar inseguranças e sentimentos que o autor identifica como a “ideologia da vergonha”.
Segundo o livro, ao tentarem se distanciar daquilo que consideram frágil ou simples em suas origens, alguns formandos podem se deixar seduzir pelo “consumo do sagrado”: a busca por prestígio, influência e status dentro da Igreja, muitas vezes alimentada por modelos clericais midiáticos. Assim, o que deveria ser caminho de serviço pode se transformar em uma versão narcísica da caverna de Platão.
Apesar do cenário desafiador apresentado, William Castilho também aponta caminhos de esperança. A partir de referências bíblicas e elementos da espiritualidade cristã, o autor destaca que a superação dessas dificuldades passa pelo reconhecimento da própria história e pela vivência autêntica da vocação sacerdotal, centrada no Evangelho e no cuidado com o povo de Deus.
A obra convida toda a Igreja a refletir: como construir uma formação presbiteral mais humana, integrada e coerente com a missão pastoral? A pergunta permanece aberta, provocando diálogo e renovação no processo formativo rumo a um clero mais próximo e comprometido com a realidade do povo brasileiro.





