
Entre os dias 30 de maio e 1º de junho, aconteceu em Belo Horizonte o Congresso das Novas Comunidades da CNBB Regional Leste 2. O encontro reuniu mais de 200 participantes vindos de 68 comunidades católicas do estado de Minas Gerais.
O congresso iniciu com a celebração eucarística presidida por Dom Júlio César Gomes Moreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e presidente do Grupo de Trabalho para as Novas Comunidades e Associações de Fiéis da CNBB Regional Leste 2.
Em sua homilia, Dom Júlio destacou:
“Vimos na primeira leitura em que, Paulo, amigo de Jesus, vai percorrendo todo esse percurso com os apóstolos, mas ele vai testemunhar em meio às suas cadeias: ‘alegrai-vos no Senhor, eu peço, alegrai-vos.’ Essa é a alegria da Igreja, aquela alegria dos apóstolos, que depois de serem presos e acorrentados e soltos, diz São Lucas nos Atos dos Apóstolos: ‘Eles saíram muito contentes, por terem ser considerados dignos de sofrer por causa de Jesus.’ ‘Falta o gado no curral, acabaram-se as suas ovelhas, a oliveira não produziu azeite, falta o figo na figueira, a videira não produz fruto, não há mais alimento. Mesmo assim, eu me alegro no Senhor, porque ele é a minha força.’ Nossa alegria não depende das circunstâncias. Essa vai ser a tentação de medir a ação de Deus pelo sucesso, pelo sucesso alcançado ou por uma realização interior. Nós seguimos o Cristo crucificado e o anunciamos, que é o Crucificado Vivente para sempre e a nossa comunhão é com Ele, crucificado vivente para sempre. Neste mundo, a nossa alegria terá sempre uma pontinha de insatisfação. Por outro lado, toda tristeza e luta nossa será habitada por uma alegria cheia de esperança, porque ele disse: ‘A vossa tristeza se transformará em alegria, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.’ Que nesse tempo agora no congresso, nesses dias, possamos abrir-nos à alegria que vem do Senhor, essa alegria transbordante que anunciamos em todo período Pascal, no tempo da Páscoa: “transbordando de alegria”! Que alegria é essa que transborda e que às vezes não existe uma repercussão dela nos nossos afetos? Mas ela é proclamada como verdade! Há uma alegria dele no meio de nós que nos sustenta, alegria que sustenta Paulo no meio das suas próprias lutas, de Pedro, alegria da Igreja. Abramo-nos, irmãos e irmãs, a essa alegria de ser igreja, povo da Páscoa, povo da ressurreição, povo da cruz, povo da alegria, da esperança, povo de nosso Senhor Jesus Cristo. Irmãos, irmãos, o Jubileu que estamos vivendo é o Jubileu da esperança. Que as novas comunidades não são apenas uma esperança para a igreja, mas a igreja é uma esperança para as novas comunidades.”
Ao longo do congresso, as palestras foram conduzidas por Dom Júlio César Gomes Moreira; Ítalo Fasanella, coordenador da Comissão Nacional para as Novas Comunidades do CHARIS; Kátia Zavaris, presidente do Serviço Brasileiro de Comunhão do CHARIS (SBCC); Bruno Bresani, fundador da Comunidade Luz e Vida; e o padre João Paulo Ferreira de Macedo, da Comunidade Mar a Dentro.
Dom Júlio, durante uma de suas falas, ressaltou que:
“Quando uma paróquia está apagada, não será a comunidade que irá salvá-la. A comunidade está na paróquia para compor um todo com ela, de algum modo.”
Em sua palestra, o padre João Paulo Ferreira de Macedo tratou da temática da esperança e da necessidade de aprender a amar:
“A verdade hoje é justamente essa: a de não se sentir amado. Essa é a grande chave, só que nós procuramos no lugar errado. Queremos ser amados pelo nosso fundador, pelo nosso formador, pelos nossos irmãos de comunidade. Mas se você não aprender a amar, o mundo inteiro pode te amar, e você não se sentirá amado. Porque quem reconhece o amor é quem ama. Você não pode esperar dos outros o que eles não podem te dar, porque só Deus pode preencher o seu coração. Aquilo que me falta, eu tenho que dar, porque dando amor, amor colherás. A esperança não decepciona. O que fez você enfrentar tantas dificuldades para estar aqui foi a esperança. Nossa esperança é o Senhor, e Ele não nos decepciona. O rumo do homem não é uma ideia, é arte. O amor de Deus é fiel e eterno. A evangelização não é só da minha diocese, da minha comunidade. Evangelizar é fazer com que as pessoas se encontrem com o amor de Deus.”
Durante o congresso, os participantes também realizaram uma peregrinação até a Basílica São Cura d’Ars, em Belo Horizonte.
A missa de encerramento foi presidida por Dom Nivaldo, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Na homilia, ele afirmou:

“Muito obrigado por vocês viverem esses dias aqui: de formação, de aproximações, de alinhamentos e qualificações para a evangelização, entrando ainda mais profundamente na obra de Cristo. Ao celebrarmos a festa da Ascensão do Senhor, escutamos a Palavra com a qualidade que precisamos escutar sempre mais: a escolha de Deus por cada um de nós. O Senhor não se cansa de nos escolher, de nos chamar — não obstante tantas diferenças — e de nos colocar numa perspectiva dinâmica de unidade. O serviço prestado à Igreja, nestes dias de congresso, reuniu vocês a partir das suas experiências de consagração. A obra é a mesma para todos nós: a obra da evangelização.”
No encerramento do congresso, Dom Júlio recordou a centralidade da figura de Pedro:
“A figura de Pedro perpassou todos os nossos momentos. Nada foi combinado, mas tudo parece sinal do Espírito. Neste tempo em que acolhemos o novo sucessor de Pedro, reconhecemos, mais uma vez, que a Igreja se vê e se reconhece no seu mistério também através da figura de Pedro. Vejo aqui a unidade: a figura de Pedro unido aos doze apóstolos. Vocês testemunharam isso no Congresso. Até agora, permanece a alegria de ver aqui os padres, o ministério ordenado, perto de vocês. Para nós também é uma riqueza. Para mim, foi uma confirmação na esperança, na minha vocação, pelo que vi e experimentei. Estejam unidos aos seus bispos, nas suas dioceses, na medida do possível. Mas estejam atentos ao que verdadeiramente toca vocês. Outro sinal é o próprio Espírito, presente nas orações, nas partilhas, nas celebrações e em tantos outros sinais que Ele nos ofereceu para sermos felizes. Um sinal particular foi o trem — especialmente significativo para os mineiros. O trem é aquele que vai reunindo pessoas em seus vagões. Os vagões precisam estar conectados uns aos outros, mas sobretudo conectados à locomotiva — que representa o fogo, a energia, a fonte. O trem é generoso, acolhe todo mundo. Que possamos, então, voltar para casa como os apóstolos do Evangelho: cheios de alegria, voltando por causa do envio. Outro sinal — mais discreto, suave, talvez até mais importante — foi termo- nos reunido na casa d’Ela, a Imaculada. Ela é testemunha por excelência, discípula por excelência, missionária por excelência, casa do Espírito por excelência. Desde o começo até o fim: mulher da esperança, nossa esperança. Não estamos sozinhos na nossa peregrinação de esperança. Estamos profundamente bem acompanhados. Demos testemunho dessa comunhão que agrada a Deus, participando da Sua obra, da Sua missão. Prossigamos, irmãos, porque até agora… só começamos.”
Texto e Fotos: Tatiane Soares de Oliveira – Assessora de Comunicação da CNBB Regional Leste 2
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