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3º Domingo do Advento | 15/12/2024

1ª LEITURA – Sf 3,14-18a

O texto que estamos lendo pertence à última parte do livrinho do profeta Sofonias. Sofonias 3,9-20 é oráculo de restauração do pós-exílio, (538 a.C. para cá) embora o profeta Sofonias seja do tempo do rei Josias. Ele, na verdade, atuou entre 640 a 630 a.C. e foi uma força para a reforma religiosa do grande rei. Este oráculo, portanto, foi acrescentado muito tempo depois que o profeta já tinha morrido. É uma mensagem de otimismo, alegria e esperança para o pequeno e sofrido resto do povo que ficou em Judá. Os versículos de hoje são um grito de alegria e exultação, um convite para a festa. Vamos celebrar com júbilo, vamos dançar com alegria; aliás, o próprio Deus dança de alegria. Alegre-se filha de Jerusalém! Mas alegrar-se por quê? Porque o Senhor mudou a sentença de castigo contra você, ele eliminou o inimigo que oprimia você. Ele agora está do seu lado, está no seu meio, ele é o seu rei. Ele mesmo vai governar você. Coragem! O Senhor é o Libertador. Não tenha medo! O curioso no texto é que a alegria é bilateral. Também o Senhor está exultante de alegria. O Senhor, agora está todo feliz por causa de você e renova seu amor por você. Ele vive dias de festa, e dança de alegria por sua causa. Deus é sempre força libertadora e motivo de alegria para nós. Será que reconhecemos e tentamos retribuir?

2ª LEITURA – Fl 4,4-7

O v. 2º retrata um problema na comunidade de Filipos. Duas senhoras distintas e piedosas causaram um certo escândalo por causa de desentendimentos. Eh! Estas coisas acontecem também com gente boa! Elas se chamavam Evódia e Síntique. Paulo pede que elas façam as pazes e pede a Sízigo que dê uma força para elas, afinal elas são “gente fina”, prestativas. “Seus nomes estão no livro da vida” (v. 3). A comunidade de Filipos tem muitas qualidades e isto não vai prejudicar a alegria que lhe é própria. A tônica da carta é esta alegria contagiante da comunidade. Paulo no v. 4 renova o convite à alegria no Senhor. Os filipenses são bons e alegres. O apóstolo deseja que a bondade deles seja notada por todos, sirva de propaganda para a fé. Vale a pena sacrificar-se e ser bom, pois o Senhor está próximo. A comunidade pode ficar tranquila, sem inquietações. A oração seja um momento forte para a busca do equilíbrio e de remédio para os momentos de tensão! A Deus devem ser apresentadas todas as necessidades da comunidade. Toda a vida da comunidade deve transformar-se numa ação de graças. O importante é a paz de Deus obtida pela salvação em Jesus Cristo. Este é o fundamento da alegria cristã. O v. 7º termina com esta afirmação bonita: “E a paz de Deus, que supera todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos no Cristo Jesus”.

EVANGELHO – Lc 3,10-18

O v. 18 deixa transparecer que o nosso texto descreve um dos “muitos outros modos” da atividade evangelizadora de João. Este modo é muito interessante. João prega através da técnica do diálogo, através de perguntas e respostas.

Primeira parte (vv. 10-14). Aqui temos três grupos diferentes: multidões, quer dizer, um grupo generalizado, cobradores de impostos (publicanos) e soldados. Fundamental é um esquema novo de viver, um novo modo de se relacionar com os irmãos, um programa diferente de vida. Por isso a pergunta é a mesma para todos: “O que devemos fazer?”

Resposta às multidões – Aqui, necessariamente, estamos todos nós. Devemos partilhar o que temos. Todo cristão deve fundamentar sua vida na partilha (cf. At 2,44-45), na colocação em comum dos seus bens. Rico não se salva, porque não sabe partilhar. O dia em que ele aprender a partilhar ele começará a vislumbrar a salvação. João não fala de esmola, mas de partilha. Noventa e nove por cento dos católicos apenas sabem dar esmolas. A mesma esmola que ele dá na porta de sua casa, ele tem coragem de dar na coleta da Igreja e coisa parecida ele ousa dar de dízimo. O dízimo do católico beira as raias do ridículo. Leia o v. 11 e veja a proposta da partilha.

Resposta aos cobradores de impostos – Estes eram exploradores do povo, cobravam além da taxa estabelecida. A resposta de João é na linha da honestidade e justiça: eles só devem cobrar a taxa estabelecida. Este versículo serve de modo especial para aqueles que querem ganhar a vida e se enriquecer desonestamente, explorando o povo: políticos, industriais, patrões etc.

Resposta aos soldados – Quem eram os soldados?

Eles estavam a serviço do governador e ajudavam os cobradores de impostos a explorar o povo com intimidações, falsas acusações e violência. O recado de João é para que acabem com o abuso de poder. Eles devem evitar a violência, as falsas acusações e devem ficar contentes com o seu salário. No caso de violência, o texto é direto para a classe militar, que acha que sua função é bater e exibir violência. A criminalidade diminuiria muito se os soldados fossem cristãos de verdade. Com relação ao abuso do poder, de modo geral, o texto é direto para toda a classe política e servidores públicos que servem mais a si que ao povo. O texto serve também para os agentes de pastoral em todos os níveis, que não descobriram ainda que o núcleo do ser cristão é estar a serviço e não ser servido.

Segunda parte (vv. 15-18) – João esclarece a dúvida do povo dizendo que ele não é o Messias, mas apenas prepara o povo para a chegada do Messias. Ele mostra, com toda humildade, as características do Messias: * É mais forte e mais digno que João. * Ele vai batizar com o Espírito Santo e com fogo (alusão ao Pentecostes). * Ele vai exercer o julgamento, limpar a eira, recolher o trigo, limpar a palha.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Diocese de Caratinga

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