A palavra “Advento” é um termo que vem da língua latina, adventus, que significa chegada, proximidade ou vinda. Constitui-se num período de quatro semanas, que antecedem o Natal, dando início a mais um Ano Litúrgico na Igreja Católica. Para a prática dos cristãos, é um tempo de preparação, de reflexão, de muita alegria, num clima de expectativa, para o nascimento de Jesus Cristo.
A origem desse tempo apoia-se no mistério da encarnação do Senhor, na Pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus. É a consolidação das palavras dos profetas do Antigo Testamento, ao apresentar Jesus, ainda como “figura”, a se transformar em acontecimento. Basta citar as palavras de Isaías: “Eis que a jovem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14).
Advento é tempo de esperança, de reconstrução da história do povo de Deus, como aconteceu na volta dos exilados na Babilônia para a terra da promessa, Jerusalém, na Palestina. Agora, quem liberta não é mais Ciro, rei da Pérsia (cf. Is 45,13), mas o Cristo, que nasce numa manjedoura de Belém, onde o casal de Nazaré não havia encontrado lugar para se hospedar (cf. Lc 2,7).
Nesse tempo de espera, nasce Cristo, Deus feito Homem, como semente da descendência de Davi e cumprimento da profecia antiga e da fidelidade de Deus em fazer justiça com o povo. O Menino Jesus é a chegada do Reino de Deus, Reino do céu, presente na terra, com o objetivo de fazer o bem. Agora é o peregrinar da Igreja para progredir na edificação desse Reino, eterno, mas em construção.
O Reino advindo é concretização do amor, proclamado pelo apóstolo Paulo, na expressão: “Quanto a vós, o Senhor vos faça crescer abundantemente no amor de uns para com os outros e para com todos, à semelhança de nosso amor para convosco” (1 Ts 3,12). Foi para isto que o Senhor enviou Jesus. O que Ele fez foi organizar a Igreja em comunidade, espaço de convivência e amor.
O grande significado da história cristã é a presença de Deus na vida humana, tanto no longínquo passado quanto nas turbulências do presente. Agora é tempo de vigilância diuturna, porque a força do mal tem a teimosia de querer dominar o bem, inclusive influenciando as pessoas para fugirem das próprias responsabilidades e de serem insensíveis diante daquilo que defende a dignidade da vida.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba