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24º Domingo do Tempo Comum | 15/09/2024 

1ª LEITURA – Is 50,5-9a

Trata-se de parte do terceiro canto do Servo sofredor ou Servo do Senhor. O segundo Isaías traz quatro cantos chamados “Cantos do Servo do Senhor”: 42,1-9; 49,1-6; 50,4-11 (o que iremos comentar agora) e 52,13-53,12. Quem é o Servo? As opiniões são divergentes. Seria o povo de Israel como um todo? Uma pessoa anônima? O próprio profeta? Um messias futuro? De qualquer maneira é Jesus quem vai realizar em plenitude as profecias do Servo Sofredor. Qual é a sua missão: Ele vai mostrar que o amor do Senhor é para sempre. Ele mostra isso apesar dos maus tratos, ofensas e condenação. O que o Senhor faz para o servo visando o bem do povo? Ele dá ao servo uma língua de discípulo e abre-lhe os ouvidos e vem em seu socorro. Quer dizer, o Senhor prepara e capacita seu servo para a missão (vv. 4-5). Qual é a resposta do Servo? O Servo assume a missão: Não é rebelde, nem recua, nem oferece resistência (“oferece o dorso”) aos que o feriam. É capaz de oferecer a face aos que lhe arrancavam os fios da barba. Sinal de grande humilhação. Não oculta o rosto às injúrias e escarros, pelo contrário, ele o endurece como pedra. Quer dizer, ele não leva em conta qualquer espécie de ofensa; sua opção foi assumida para valer. É um discípulo fiel. De onde lhe vem tanta coragem? Vem da confiança e certeza do socorro do Senhor. O Senhor que é seu mestre, é também seu protetor e defensor. É tal a confiança do servo que ele ironiza e desafia seus adversários (vv. 8-9). O v. 9a (“Vede, o Senhor Deus é quem me ajuda: quem me condenará”) parece ter sido reinterpretado por São Paulo em Rm 8,31ss: “Se Deus está conosco, quem estará contra nós… Quem acusará os eleitos de Deus? É Deus quem justifica. Quem condenará?”

2ª LEITURA – Tg 2,14-18

O tema da fé e das obras aparece em outros lugares na epístola (1,3-6.25; 3,13), mas é no capítulo 2 que ele se concentra. Paulo defende a justificação pela fé, não pelas obras (cf. Rm 3,28; Gl 2,16). Aqui, Tiago afirma o contrário. Seria uma contradição? Não é uma contradição, mas uma questão de pontos de vista e contextos diferentes. Para começar, Paulo fala das “obras da Lei”, num contexto judaizante que tendia a diluir a fé entre as obras. Em Paulo as “obras da lei” se opõem a Jesus Cristo. O dilema de Paulo é: Quem salva: Jesus ou as obras da Lei? Um eliminaria o outro. O problema de Tiago é outro. Ele escreve para comunidades que já têm fé. Quer explicitar o agir cristão. Tiago insiste em uma fé que se concretiza nas obras, sobretudo no amor ao próximo e na oração. É provável que Tiago reaja a interpretações ou consequências abusivas e unilaterais da doutrina de Paulo. Na verdade, Paulo não é contra as obras, pois uma fé autêntica deve produzi-las (cf. Rm 2,6.15-16; Gl 5,6; 1Ts 1,3). Paulo afirma para quem não tem fé em Jesus Cristo que a fé é indispensável. Tiago afirma, para quem tem fé, que concretizá-la em obras é indispensável. Dizer que tem fé, mas não mostrar as obras é como dizer “Senhor, Senhor”; não salva ninguém. Nos vv. 15 a 16 Tiago apresenta uma comparação concreta: se você não ajuda seu irmão necessitado suas palavras bonitas não servem para nada. Assim também diz o v. 17:  a fé sem obras é morta, ou seja, para nada serve. O v. 18 quer dizer que mostrar a fé pelas obras é possível, mas é impossível demonstrar uma fé sem as obras. Numa palavra a fé é inseparável das obras. Fé e obras de caridade são os dois lados de uma única moeda.

EVANGELHO – Mc 8,27-35

Estamos no meio do evangelho, ou seja, no final da primeira parte (1,1-8,30) e início da segunda (8,31-16,8). A primeira parte veio fazendo a pergunta quem é Jesus? E termina com a afirmação de Pedro: é o Messias. A segunda vai explicitar que tipo de Messias é Jesus. Isto Jesus vai fazê-lo exclusivamente para os seus discípulos. Nosso trecho pode ser dividido em três partes:

 Vv. 27-30: Quem é Jesus? Cesareia de Filipe encontra-se ao norte, junto às fontes do Jordão, bem distante do centro do poder – Jerusalém, cidade hostil que vai matar Jesus. É bem distante desse centro de poder destruidor da vida que os discípulos conseguem perceber a identidade de Jesus – o Messias. A primeira pergunta de Jesus é indireta, preparatória: quer saber o que o povo pensa. A resposta já tinha sido dada em 6,14-15. O povo não descobre quem é Jesus, comparam-no a João Batista, Elias ou um dos profetas. Em seguida, Jesus faz uma pergunta direta aos discípulos sobre sua identidade. Em nome da comunidade apostólica é Pedro quem responde: “Tu és o Messias” (v. 9). Resposta acertada, mas só que, na cabeça de Pedro, Messias era o Messias das expectativas populares, políticas, triunfalistas. Por isso, Jesus no v. 30 recomenda silêncio. É o segredo messiânico. Mas agora, na segunda parte do evangelho, a partir de 9,31 Jesus vai esclarecer sobre o seu messianismo. Na verdade, Marcos quer mostrar que só se poderá entender quem é Jesus-Messias após sua morte e ressurreição.

Vv. 31-33 – O que é ser o Messias? Trata-se aqui do primeiro anúncio da paixão. O Messias deve padecer… O verbo “deve”, “é preciso” indica um desígnio divino. O v. 31 apresenta os adversários de Jesus, os dirigentes judaicos, todos membros do Sinédrio, supremo Tribunal em Jerusalém. Os anciãos eram os donos do dinheiro, os sumo-sacerdotes eram os donos do poder político, e os doutores da Lei eram os donos do poder ideológico. Jesus será assassinado por esses homens de poder, porque Jesus anuncia um projeto de vida, enquanto eles detêm um projeto de morte. Mas Jesus anuncia sua ressurreição depois de três dias. Na primeira parte do evangelho, Jesus guardava o segredo messiânico, agora ele o revela “abertamente” para seus discípulos (v. 32). Pedro se descontrola. Prova de que tinha um conceito errado de Messias na cabeça. Toma Jesus à parte e o “repreende”, mesmo verbo com o qual Jesus repreende e expulsa os demônios. Pedro não podia admitir sofrimento, rejeição e morte para o seu Messias. Parece que Pedro estava querendo “exorcizar” o Messianismo de Jesus. Mas Jesus não deixa por menos, pois via na atitude de Pedro uma rejeição do projeto de Deus, um verdadeiro obstáculo ao seu caminho. Daí, a forte repreensão de Jesus no v. 33: “Vai para trás de mim, Satanás! Pensas de modo humano, não segundo Deus”. O plano de Deus leva Jesus à glória, mas através da paixão. O plano rival (satã = rival) exclui a paixão e só aceita o triunfo. Jesus neste v. 33 não manda Pedro sumir do grupo; não deve ser traduzida como “vai para longe de mim, Satanás”! Pelo contrário, ele coloca Pedro na verdadeira posição do discípulo, isto é, atrás dele, como seguidor, pois Pedro tinha passado para a frente de Jesus como pedra de tropeço, como obstáculo ao seu caminho. Então, a tradução correta é: “Vai para trás de mim, Satanás!

vv. 34-35 – O que é ser discípulo? Ser discípulo é ter capacidade de assumir três condições básicas:

Primeira: renunciar a si mesmo, vencer o egoísmo e as ambições pessoais e ser capaz de romper com as estruturas de um sistema injusto que oprime e exclui.

Segunda: tomar a cruz, aceitar as dificuldades, as perseguições e até mesmo a morte, se for preciso, mas não desistir do projeto de vida para todos.

Terceira: seguir Jesus com a consciência de que Jesus caminhava para Jerusalém, cidade hostil e assassina de qualquer projeto de justiça e vida. O v. 35 apresenta uma condição para salvar a própria vida: deve perdê-la, mas perdê-la não por qualquer coisa, mas por causa de Jesus e do seu evangelho.

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