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Alimentar os famintos

Quais são os famintos ou você tem forme de quê? Às vezes não é de alimento, de almoçar ou de jantar, mas de palavras, de amizade, de carinho, de um bom aconselhamento, de remédio, de segurança, de esperança etc. O mais importante é ter consciência de que somos habilitados para saciar a fome uns dos outros, pois a partilha de bens significa que nossos dons se multiplicam.

Atender as exigências prementes das pessoas mais carentes ou necessitadas no seu cotidiano implica justiça social, desmonte de acúmulos desnecessários de alguns, gesto de solidariedade cristã e também filantrópica. A natureza criada é de todos e a produção daí sobrevinda deve ter como destino natural proporcionar vida digna e saudável para os que se encontram nos arredores.

Reter para si só, mesmo que seja pouco, sem função social, aquilo que deve ser de benefício para todos, significa prejudicar quem passa fome. O pior é quando há desperdício, descarte nas lixeiras de bens que poderiam ser distribuídos fraternalmente. O pouco sendo ofertado numa dimensão de partilha, normalmente é abençoado e se torna muito para satisfazer as necessidades de muitas pessoas.

A falta de vínculos fraternos e solidários na vivência de uma comunidade dificulta muito o caminho da partilha. A prática da vida solitária suplanta a experiência comunitária, porque cria muros de isolamento e distanciamento entre as pessoas. Na expressão bíblica, há uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, pois Deus é único e Pai de todos, convite para a unidade (cf. Ef 4,4-6).

A falta de alimento é uma realidade que afeta a vida física. Mas não é só isto, que é exigido, para a integridade da pessoa. Existe também a fome do saber, do equilíbrio psicológico, do conforto social, de assistência médica, de remédio e do alimento da Palavra de Deus. Jesus via a multidão como ovelhas sem pastor. A falta de cuidado dos governantes pode deixar o povo desprovido em suas necessidades.

Além da preocupação com a fome material, a integridade da pessoa se apoia também numa espiritualidade regeneradora da vida, capaz inclusive de facilitar maior equilíbrio emocional. O foco principal é a intimidade com Jesus Cristo, a sensibilidade cristã e a capacidade para maior abertura solidária e fraterna nas relações mútuas. Não basta ter muito, se esse muito não tem dimensão de partilha.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

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