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Trilho do ser humano

Não é o binário por onde passa o trem, mas sim os objetivos inspiradores e de conduta de cada pessoa na sua realidade concreta. O passado histórico foi absolvido pelo presente e, o futuro almejado, será engolido pelo tempo a caminhar. Deve ser uma via aberta para o ser humano trilhar, fortalecido pela esperança de um futuro feliz, com marcas de fé e de eternidade, que só pode acontecer em Deus.

Dizemos que uma pessoa, para consolidar objetivos de vida, precisa agir como um maquinista, que confia nos trilhos, mas não deixa de ter atenção redobrada aos sinais luminosos e possível objeto na linha. Assim é a vida humana, que caminha para a eternidade e realização futura, mas o caminho é cheio de pedras. Não é diferente na vida dos cristãos, que confiam em Deus, mesmo reféns de erros.

Imaginemos bem o espírito, o equilíbrio e a destreza de um maquinista, conhecedor técnico e consciente da responsabilidade de seu trabalho e quantos vagões ele tem que conduzir. Mas podemos imaginar também as responsabilidades que a pessoa tem diante da vida, que é dom de Deus. Para o cristão, os trilhos são a Palavra de Deus, que em todos os tempos e espaços, dá segurança no caminho.

No Antigo Testamento, os profetas foram como trilhos, com a tarefa de indicar o caminho do Senhor. A História da Salvação, proposta por Javé, é como um binário do trem, com muitas curvas, com subidas e descidas, exigindo da máquina estabilidade e força para chegar ao seu destino. A vida não é só facilidade e dificuldade, mas exige postura e coragem firme para atingir uma real utopia.

O cristão deve fixar sempre seus olhos em Cristo, e ter os mesmos sentimentos Dele, como acontece com um maquinista que não tira os olhos da estrada para não acontecer acidentes, porque ele seria o primeiro a sofrer as consequências. Querendo ou não, a história das pessoas acontece e pode ser acidentada em momentos de irresponsabilidade moral ou ética, ferindo sua dignidade cristã.

A esterilidade na vida pessoal pode tornar-se um desastre, principalmente para aqueles que dizem sim para realizar um projeto e acabam não cumprindo sua tarefa, não colocando em prática tudo o que tinham prometido. O Evangelho fala de um filho que disse sim para o pai, mas não cumpriu o prometido. Outro filho disse não, mas acabou seguindo o pedido do pai (cf. Mt 28-30). Como agimos?

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

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