Não existe total perfeição na conduta de vida das pessoas. Todo ser humano é passível de realizar desvios, que podem ser pouco ou muito graves. Daí vem a necessidade de advertência, de correção fraterna, daquilo que o ajude no caminho certo de santidade. Os defeitos pessoais, principalmente quando neles estão envolvidas a injustiça e a inverdade, dificultam a prática da vida cristã.
Falar de correção fraterna é fazer alusão à sensibilidade, que a pessoa precisa ter, quanto a prática do perdão, da clemência e da reconciliação fraterna. Essas são atitudes cristãs fundamentadas na mensagem pedagógica e libertadora de Jesus, na história. Tudo depende de atitudes sinceras de amor, como vínculo de perfeição, capazes de criar harmonia na convivência comunitária.
Na manifestação da consciência das pessoas devem ressoar os princípios orientadores da vontade de Deus e o cumprimento da Palavra divina, sobretudo para uma conduta enraizada no direito e na justiça social. Por isto diz a Sagrada Escritura que “o ímpio morrerá por sua iniquidade” (Ez 33,7), e sem profunda correção individual, não é possível a pessoa ter vida de fraternidade e ser feliz.
Quando o ser humano, consciente de seus atos, se desvia do caminho da justiça, ele pode sofrer consequências eticamente desastrosas na vida. É daí que vem a motivação para o ódio e a falta de compaixão, porque não existe amor e nem caridade cristã sem justiça com o outro. A convivência comunitária sadia necessita de frequentes processos de correção fraterna para ser saudável.
A expressão “correção fraterna” tem uma conotação cristã, porque faz coro com os ensinamentos transmitidos pela Palavra de Deus, especialmente naquilo que dizem os Mandamentos contidos no
Decálogo e sintetizados por Jesus nas Bem-Aventuranças bíblicas. Ela é caminho de conversão e transformação no modo de ser e de agir da pessoa e assim contribuir com a convivência comunitária.
É esclarecedora a palavra de Jesus: “Se teu irmão pecar contra ti, vai e corrige-o, em particular” (Mt 18,15). É sinal de que as desarmonias e desentendimentos existem na sociedade, mas podem ser sanados com atitudes corretivas humanas e de fé. Na prática, é possível superar as divergências presentes no tecido da comunidade, recuperando a fraternidade através da correção fraterna.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo Metropolitano de Uberaba – MG