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31dez2023

1ª LEITURA – Eclo 3,3-7.14-17a

Muitos judeus não moravam na Palestina e estavam perdendo suas tradições religiosas e culturais e
assimilando a cultura e o modo de pensar de um povo estrangeiro. Este livro pretende ajudar estes judeus da diáspora a recuperar suas raízes e sua identidade, sua cultura e sua religião. O trecho que estamos lendo é um comentário do quarto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que Deus, teu Deus te dá (Ex 20,12). Este mandamento traz uma promessa: a de ter uma vida longa. O texto acrescenta mais duas promessas: o atendimento às orações (v. 5) e o perdão dos pecados (vv. 3 e 14). É bom lembrar que o judeu alcançava o perdão dos seus pecados com um sacrifício oferecido no templo de Jerusalém. Agora, o autor sagrado apresenta uma novidade, mostrando o perdão não através do habitual rito exterior do sacrifício do Templo, mas através de uma atitude interior de profundo amor, respeito e dedicação aos pais. É uma grande novidade evangélica para um povo que morava em outro país, longe do Templo. Podemos lembrar ainda outras exortações do texto. Honrar pai e mãe é ajuntar tesouros e garantir a alegria dos filhos. Para quem tem pais idosos uns conselhos especiais: amparar, não lhes causar desgostos, ser compreensivo, não humilhá-los. Deus não esquece o carinho e a atenção que dedicamos aos nossos pais.

2ª LEITURA – Cl 3,12-21

O fundamento de tudo o que nós vamos ler neste texto está no nosso batismo (cap. 2). O batismo é morte e ressurreição com Cristo. Morte para tudo que conduz à morte, ressurreição para tudo o que conduz à vida (3,1ss). Pelo batismo nos tornamos o “povo santo de Deus, escolhido e amado. Por isso…” Aqui o autor expõe toda a sua exortação. O 1o ponto forte é a misericórdia acompanhada daquilo lhe caracteriza: A salvação de Deus não vem do trono dos poderosos, mas dos pobres e humildes. Jesus não nasce em Roma, capital do Império Romano ou na grande Jerusalém, mas em Belém, aliás, na periferia de
Belém, pois não havia lugar para ele na cidade. Não nasce num berço de ouro, mas num coxo. Os
caminhos de Deus são diferentes dos caminhos dos homens! Jesus é o Salvador, o Messias, o Senhor,
mas não veio para dominar e explorar como os reis deste mundo. Veio para servir como o Bom
Pastor, por isso nasce não na capital, mas em Belém, cidade de Davi, rei-pastor. Jesus já é marginalizado desde o seu nascimento, nasceu pobre e rejeitado, sem lugar. Os primeiros beneficiários da salvação são os pobres na pessoa dos pastores, que eram rejeitados e marginalizados por causa da sua conduta. Estes, de fato, não respeitavam as propriedades alheias, invadindo-as com seus rebanhos. O texto diz expressamente: “nasceu para vocês um Salvador”; para eles, para os pobres, os marginalizados, os de má fama. Jesus não veio para os autossuficientes e para os que se achavam perfeitos, bons, cheios de saúde.
Qual foi o grande sinal de Deus para os pastores? Não tem nada de maravilhoso, de milagroso aos
olhos dos homens, apenas um menino pobre deitado num coxo. Quem é capaz de ver, hoje, Jesus nos
pequenos e marginalizados é capaz de perceber e acolher o grande mistério da Salvação de Deus.bondade, humildade, mansidão, paciência e perdão. O modelo da misericórdia e do perdão a imitar é o próprio Cristo. Como destaque poderíamos colocar para 2o ponto o amor, porque o amor provoca a
união perfeita, o amor cobre uma multidão de pecados (1Pd 4,8). O amor é plenitude da Lei. Um 3o ponto é a paz de Cristo que deve ser a rainha do coração do cristão. Os cristãos são membros de um só corpo. Os membros do corpo não podem viver em desavença. O 4o ponto é a gratidão que se manifesta,
sobretudo, na celebração eucarística, onde se partilha a Palavra de Cristo, onde há instrução mútua, onde
há hinos salmos e cânticos espirituais. Tudo o que o cristão faz deve ser em nome do Senhor Jesus e como gratidão ao Pai.

O Relacionamento na família

Há uma exortação especial para cada membro da família cristã. Para as esposas a docilidade. Para os
esposos o amor-doação e a delicadeza (“não sejam grosseiros”). Para os pais: nunca devem ser motivo de
desânimo para os filhos, mas de estímulo e coragem, para que eles possam viver profundamente seu
batismo.

EVANGELHO – Lc 2, 22-40

Lembramos mais uma vez que os capítulos 1 e 2 de Lucas ( como também Mt 1-2) são mais teológicos do que históricos. Os personagens principais do texto de hoje são Jesus, Maria, Simeão e Ana. O que o texto diz? Diz que Jesus é levado ao Templo de Jerusalém para cumprir a Lei. Lá, a Sagrada Família se encontra com dois personagens: Simeão e Ana, que agradecem, louvam a Deus e profetizam sobre Jesus e Maria.

Depois de cumprir a Lei, a Sagrada Família volta para Nazaré da Galiléia, onde Jesus vai viver.

Quais são as mensagens? Vamos lembrar algumas:

José e Maria procuram cumprir a Lei (Ex 13,2.12). Eles vão ao Templo para a purificação da mãe e
para o resgate e consagração do filho, para que Jesus pudesse realmente assumir a realidade do seu
povo. Ele é o consagrado de Deus que irá resgatar Israel e toda a humanidade.

José e Maria são pobres e oferecem o sacrifício dos pobres: um par de rolas ou dois pombinhos.
Filho de pais pobres, Jesus, vai viver na simplicidade e pobreza e vai dedicar sua vida aos pobres e
marginalizados deste mundo.

Simeão e Ana representam a humanidade pobre e esperançosa da consolação e da libertação. Jesus
vem realizar a esperança de toda a humanidade empobrecida, representada nesses dois velhinhos
justos e piedosos, abertos às maravilhas de Deus, cheios de dedicação e esperança.

São Lucas é o evangelista do Espírito Santo. Cheios do Espírito Santo estão Zacarias, Isabel, João
Batista, Maria, Simeão, Ana e especialmente Jesus.

Simeão, no seu canto, mostra a missão de Jesus. Ele é o Messias do Senhor, o Servo de Deus das
profecias de Isaías (42,1; 49,3.5.6.10; 52,13) É a “salvação que Deus preparou para todos os povos”.
Ele é a luz para iluminar as nações e a glória do povo de Israel (cf. Cantos do Servo de Deus em Is
42,6; 52,10). Jesus vai ser também causa de queda e soerguimento para muitos. Vai ser alvo de
contradição. Ele, na verdade, vai desmascarar a vida errada de muita gente. Muitos vão amá-lo, mas
também muitos vão detestá-lo por causa da sua justiça e verdade.

Simeão anuncia também para Maria uma espada de dor. É que ela vai partilhar também a dor do
Filho, como primeira e fiel discípula. Aquela espada que feriu o lado de Jesus na cruz, atingiu
dolorosamente o coração sagrado de Maria, sua mãe, a Virgem dolorosa.

A profetiza e consagrada velhinha, Ana, chega, neste momento, e começa a louvar a Deus e a falar
de Jesus aos pobres que conservavam sua esperança de liberdade.

A Sagrada Família de Nazaré retorna para a Galiléia, terra dos marginalizados. Ali, Jesus vai
crescendo, tomando consciência da exploração dos grandes sobre os pequenos. Ele se prepara para a
sua missão com a fortaleza, sabedoria e a graça vindas do alto.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo diocesano de Caratinga

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