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3dez2023

1ª LEITURA – Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7
Este texto é uma espécie de salmo de súplica coletiva, ou seja, é a assembleia do povo que reza. A situação do povo é de sofrimento e abandono. O motivo são os pecados e transgressões, é o afastamento de Deus. Dentro da mentalidade, onde tudo é atribuído a Deus, o autor fala como se fosse o próprio Deus, que quisesse endurecer o coração do povo, esconder dele a sua face e entregá-lo à mercê de suas maldades. É como se Deus estivesse fazendo silêncio diante do sofrimento do povo.

O povo tem saudades dos tempos de outrora. “É nos caminhos de outrora que seremos salvos”. Pede a
Deus uma aproximação maior como aconteceu outrora no Sinai.

Aqui, temos dois dados de fundamental importância. O primeiro é o reconhecimento da própria condição
humana de pecador, as transgressões, as maldades, as impurezas e o afastamento de Deus. O segundo é o reconhecimento do ser de Deus. Ele é o Senhor, o criador, aquele que modelou o homem do barro da
terra, é o “Pai”, o “redentor”. Redentor era o membro do clã encarregado de vingar o sangue derramado
ou de resgatar membros da família escravizados. O povo, então, reconhece Deus como Aquele capaz de
libertá-lo dessa situação, que é pior do que aquela sofrida lá no Egito.

A saída está, portanto, nesta confiança e esperança. Mas, para acontecer mesmo a libertação é preciso que o povo se deixe de novo modelar pelas mãos de Deus, é preciso arrepender de sua maldade e buscar os caminhos da justiça, recomeçando mais uma vez sua vida com Deus.

2ª LEITURA – 1Cor 1, 3-9

Estamos no início da carta aos Coríntios. Normalmente, depois do endereço e da saudação inicial, vem o
agradecimento a Deus pelos benefícios concedidos à comunidade, ou pela resposta que a comunidade está dando à pregação do apóstolo. Paulo costuma também aludir a alguns temas importantes que ele irá desenvolver. Aqui, ele fala da graça divina, dos dons ou carismas, que a comunidade recebeu em palavra e conhecimento. Ele diz que a comunidade foi enriquecida em tudo e não lhe falta nenhum dom. Os carismas do Espírito Santo eram abundantes na comunidade, mas a comunidade não vai saber lidar
adequadamente com eles. Entram a vaidade, o orgulho, a distorção da finalidade dos dons. Muitos
achavam que estes dons, principalmente, o dom das curas e o dom das línguas tinham finalidade em si
mesmos. Estes grupos considerados carismáticos achavam-se perfeitos e satisfeitos espiritualmente. Os
capítulos 12 a 14 vão chamar a atenção da comunidade a este respeito. Aqui, como antecipação, Paulo
relembra dois pontos:

1º) Que a comunidade tem todos os dons, mas “ainda espera a revelação de Nosso Senhor Jesus
Cristo”. Quer dizer, ninguém se considere perfeito, acabado, pois o que seremos ainda não se manifestou.
2º) Que fomos chamados à comunhão com Jesus. É preciso ter senso crítico e revestir-se de humildade,
pois uma comunidade carismática, enriquecida de todos os dons, pode viver com tantos problemas e tanta falta de comunhão como vivia a comunidade de Corinto? Repasse a carta para você perceber a vida da comunidade. Confira, por exemplo, os capítulos 1; 5; 6; 11 etc. Se há um grupo, que deveria viver a
comunhão, a compreensão e não criar problemas, é o grupo carismático! Mas…

EVANGELHO – Mc 13,33-37

Este trecho é tirado do capítulo 13 – todo ele escatológico – quer dizer, referente ao fim do mundo ou às
coisas do final dos tempos. No evangelho de hoje, Jesus chama a nossa atenção sobre a vigilância. Estamos começando o Ano Litúrgico nos preparando para o Natal com o Advento ou a chegada de Jesus, e a liturgia já nos lembra a segunda vinda de Jesus – o tempo final. O importante mesmo é ficar vigilante. A primeira frase já nos apresenta a mensagem total: “Cuidado! Fiquem atentos, porque vocês não sabem
quando chegará o momento”. Se esse versículo tivesse sido levado a sério (veja também 13,32) ter-se-ia
evitado muito papel, tinta, trabalhos, escândalos, frustrações e transtornos ao longo da história da religião cristã, principalmente de seitas cristãs, ou pseudocristãs. Ninguém sabe o dia nem a hora nem o século do momento final. Para ilustrar isso Jesus faz uma comparação como se ele fosse um homem que tivesse feito uma longa viagem para o estrangeiro e tivesse deixado a sua casa sob a responsabilidade dos empregados, cada um com uma tarefa. E tivesse mandado o porteiro ficar vigiando. O porteiro, sem dúvida, representa os líderes das comunidades, mas a responsabilidade para zelar da casa de Deus, que é o mundo, é tarefa de todos. “O que digo a vocês, digo a todos”. A qualquer momento da noite, o dono da casa pode voltar e ninguém pode ser encontrado dormindo. O que significa afinal, “vigiar ou não dormir?” Significa continuar com empenho a tarefa de Jesus, que, em uma palavra, é viver para todos, ou seja, lutar para que o homem viva com dignidade, tenha casa, terra, pão, educação e viva na justiça e na comunhão. Isso é vigiar, isso é não dormir. Vigiar ou estar vigilante não é algo passivo, mas um desempenho da tarefa recebida. Acho que há muita gente na comunidade cristã, que está participando das liturgias, mas, mesmo assim, está vivendo em total descuido, sem vigilância nenhuma e em profundo sono. Acho que muita gente está correndo o perigo de acordar assustado, quando Jesus chegar!

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo diocesano de Caratinga

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