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32º DOMINGO COMUM | 10/11/2024

1ª LEITURA – 1Rs 17,10-16

O profeta Elias começa sua atividade anunciando ao rei Acab de Israel uma grande seca como castigo de suas atividades idolátricas. O rei está introduzindo em Israel o culto a Baal em continuidade com a idolatria e perversidade do seu pai Amri (cf. 16,32-33).

Por causa do anúncio deste castigo, Elias precisa fugir e esconder-se na torrente de Carit, a leste do Jordão. Depois que acabou a água da torrente, o Senhor ordena que ele vá desta vez para Sarepta. Na porta da cidade, ele encontra uma viúva, que estava catando lenha para preparar seu último alimento para ela e seu filhinho. Elias lhe pede água e pão. A viúva responde que não tem pão, apenas um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Isto vai dar apenas para ela e seu filhinho, e depois eles vão esperar a morte. Elias insiste que ela lhe traga a comida e lhe anuncia a promessa do Senhor: “A vasilha de farinha não se esvaziará e a jarra de azeite não acabará, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra”. Ela atendeu ao pedido de Elias. Os três se alimentaram e a predição do Senhor se realizou.

Neste simples episódio vemos:

– Elias é perseguido em Israel pelo rei e acolhido no estrangeiro por uma pobre viúva. Enquanto o poder do rei gera morte, a partilha de quem não tem poder gera vida.

– A generosidade da viúva é retribuída pela generosidade de Deus. No evangelho, Jesus vai lembrar que Deus é sensível e retribui até mesmo um copo de água dado com amor aos pequeninos.

– Deus não quer uma sociedade de poderosos que entesouram egoisticamente, mas uma comunidade de irmãos que sabem partilhar de sua pobreza.

2ª LEITURA – Hb 9,24-28

O tema central da carta aos Hebreus é o sacerdócio de Jesus Cristo e o consequente culto cristão. Jesus é o Sumo Sacerdote da Nova Aliança, cujo sacrifício, oferecido uma só vez, substitui os sacrifícios da Antiga Aliança. O autor vai fazendo uma contraposição para mostrar a superioridade de Jesus.

Cristo por sua glorificação ou ascensão entra no santuário celeste (At 1,11), não na cópia terrestre como fazem os sumos sacerdotes. Lá no céu, ele se apresenta diante de Deus em nosso favor.

O Sumo sacerdote entrava uma vez por ano no Santuário com o sangue das vítimas imoladas, e aspergia com ele o altar do “santo dos santos” em expiação dos pecados do povo (v. 25).

Jesus entra, no santuário celeste, uma vez para sempre, não cada ano. O sacrifício de Jesus é um só para abolir os pecados de todos e não repetido como o sacrifício expiatório anual dos sumos sacerdotes. Cristo apareceu uma primeira vez entre nós para destruir com seu sacrifício os pecados (v. 26). O autor da Carta aos Hebreus afirma, neste versículo: “…, mas foi agora, na plenitude dos tempos…”. A expressão “plenitude dos tempos” é uma referência ao novo tempo, inaugurado com Jesus. Isto significa que o tempo final da História já teve início com Jesus.  A segunda vez que aparecer não será com relação aos pecados, mas para salvar os que o esperam (v. 28). “Parece indicar que já aconteceu o julgamento de separação e que para os fiéis Cristo não vem como juiz, mas apenas para consumar a salvação”. A comparação de Cristo com o homem (v. 27) se limita ao fato de morrer uma só vez.

EVANGELHO – Mc 12,38-44

Vv. 38-40 – crítica às autoridades corruptas.

Jesus está no Templo e desaprova os escribas ou letrados, dizendo que é preciso ter cuidado com eles. Depois, reúne algumas críticas contra eles. A primeira é a vaidade e o orgulho elencados em quatro itens: eles gostam de passear com largas túnicas e de ser saudados nas praças públicas; gostam dos primeiros assentos nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. A segunda é a exploração das classes indefesas – as viúvas, devorando suas propriedades, sob pretexto de longas orações. Eles aproveitavam da sua profissão nas questões jurídicas nos testamentos para extorquir dinheiro das viúvas. Elias e Eliseu deram testemunho contrário, socorrendo as viúvas e os órfãos (1Rs 17; 2Rs 4 e 8). Com relação às orações, o evangelho de Mateus contrapõe a oração cristã reservada no quarto a este tipo de hipocrisia e vaidade (cf. Mt 6,5-6).

Vv. 41-44 – O óbolo da viúva

É uma espécie de contraste com a atitude arrogante e exploradora dos escribas. Enquanto no cofre do Templo muitos ricos depositavam muito dinheiro, uma viúva depositou somente duas moedinhas, mas que era tudo o que possuía. E Jesus conclui: ela ofertou mais que todos, pois todos puseram do que lhes sobrava, ela, em sua pobreza, pôs tudo quanto tinha para viver. Vemos assim um contraste radical. De um lado a riqueza, a vaidade, o orgulho, e a cobiça; do outro, a pobreza, a humildade, o desprendimento e o sacrifício pessoal. De um lado a busca dos primeiros lugares, do outro, a viúva em último lugar, doando tudo que tem. O mesmo fez a viúva de Sarepta partilhando com Elias a última comida sua e do seu filhinho (primeira leitura).

Por: Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Emérito de Caratinga

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