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28º Domingo Comum | 13/10/2024

1ª LEITURA – Sb 7,7-11

O livro da Sabedoria é o livro mais recente do Primeiro Testamento. Ele foi escrito por volta do ano 50 a.C. Salomão viveu cerca de 900 anos antes, mas por causa de sua sabedoria o livro foi atribuído a ele. Este livro surgiu entre os judeus que moravam em Alexandria no Egito. Sua finalidade é a defesa da identidade judaica no meio de uma cultura que idolatrava o poder, a riqueza, a saúde e a beleza. Nisto constava a felicidade para a cultura grega. Então, a pergunta fundamental era esta: o que torna alguém feliz e plenamente realizado? Esses bens terrenos, que escravizam ou a liberdade e a sabedoria que vem de Deus? Foi exatamente no Egito que o povo de Deus esteve oprimido por cerca de 400 anos. Deus o libertou para a vida. Voltar à escravidão é sinônimo de morte e de idolatria, ou seja, abandono e troca do Senhor por ídolos. Então, a verdadeira sabedoria para Israel está em discernir o que e como fazer para conservar essa liberdade. “Poder, riqueza, saúde e beleza, são bens perecíveis e escravizantes; não produzem segurança, não tornam o homem feliz nem o realizam. Inspirado na oração de Salomão (cf. 1Rs 3,7-12), o autor mostra a preferência da sabedoria diante de todos os bens da terra. A última frase mostra uma grande sabedoria, pois quem tudo renuncia por causa da sabedoria pode ter a certeza de que, com ela, ele readquirirá tudo de novo, mas agora estes bens serão adquiridos com o discernimento suficiente para não absolutizá-los, e sem se deixar influenciar por suas consequências como dependência, ganância, brutalidade, opressão. Talvez fosse interessante mostrar o caminho percorrido por “Salomão” na aquisição da sabedoria: “desejei… supliquei… veio a mim… preferi-a aos… amei-a mais que… quis possuí-la mais que… todos os bens me vieram junto com ela.” (vv.7-8.10-11).

2ªLEITURA – Hb 4,12-13

Estes dois versículos são um elogio admirável à Palavra de Deus (é uma palavra viva ou vivificadora; ela gera vida para quem dela se alimenta). Sabemos que toda a Bíblia é Palavra de Deus. Os versículos iniciais da carta aos Hebreus nos lembram que muitas vezes e de muitos modos Deus falou pelos profetas. E agora, no período final, Deus nos falou por meio do seu próprio Filho. Mas é São João quem vai nos ensinar claramente que a Palavra de Deus é o próprio Filho de Deus (cf. Jo 1,1ss), a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que assume a natureza humana. Então, hoje, podemos dizer: a Palavra de Deus é Jesus, é Deus no meio de nós. Com esta introdução nós podemos entender melhor este elogio maravilhoso do texto de hoje. A Palavra de Deus é viva ou vivificadora; ela gera vida para quem dela se alimenta. No Evangelho de João Jesus vai dizer: “Eu sou o Pão da Vida”. Ela é eficaz, quer dizer, ela sempre realizou o que anunciou (cf. Is 55,10-11). Agora, tornando-se gente em Jesus, ela é muito mais eficaz ainda. Ela é cortante, penetrante, profunda como a espada de dois gumes; penetra além do nosso discernimento, da nossa razão. Ela julga o que há de mais oculto em nós: pensamentos e intenções. Não há segredo para ela. Ela vê tudo com clareza e lucidez. É a ela que devemos prestar contas. “Prestar contas” insinua temor, medo. Para evitar isso lembremos que a Palavra é vida, coragem, força, bálsamo para nossa vida, incentivo na nossa caminhada. A Palavra, que é Jesus, é a expressão da ternura do Pai, é a misericórdia em pessoa no meio de nós. Jesus não veio para condenar, mas para salvar.

EVANGELHO – Mc 10,17-30

a) Curioso! Este rico era bom.

Estamos diante de um latifundiário, pois o termo para expressar a riqueza (em grego KTÉMATA) significa terrenos, propriedades (cf. Mt 19,22; At 2,45; 5,1). Ele tinha “muitos terrenos”. Curiosamente essas propriedades foram conquistadas legalmente (o que não era comum). Na verdade, esse rico era honesto e justo, pois Jesus não apenas constata que ele cumpre os mandamentos relacionados com a justiça social, mas ele próprio confessa que sempre caminhou na justiça (“desde a minha juventude”). Interessante que Jesus indica para possuir a vida eterna só os mandamentos relacionados com o próximo. Não faz nenhuma menção dos mandamentos relacionados com Deus. É que o amor a Deus se prova com o amor ao próximo. Vemos ainda uma outra qualidade incomum neste homem rico. Ele busca Jesus avidamente (“veio correndo”), ele adora Jesus (“Caiu de joelhos diante dele”); ele chama Jesus de bom mestre. Parece que ele quer ser discípulo de Jesus. Jesus também quer tê-lo como discípulo (“Jesus olhou para ele com amor”).

b) As exigências para entrar no “Reino de Deus”

Talvez o homem tivesse o suficiente para ganhar a vida eterna, mas parece que lhe falta tudo para entrar no Reino de Deus. Jesus lhe diz que só lhe falta uma coisa. E esta coisa que lhe falta é tudo o que lhe sobra. Quem tem de sobra não entra no Reino, porque o que nos sobra não nos pertence e, afinal, a porta é estreita, não cabe quem quer entrar com muita coisa: “Vai, vende tudo o que tens e dê o dinheiro aos pobres… depois (só depois) vem e segue-me”. Os apóstolos fizeram isso com muita alegria, mas esse homem bom não foi capaz de fazê-lo. Ficou abatido e triste. Revelou no fundo o egoísmo próprio dos ricos; este egoísmo não estava já embutido na sua pergunta inicial?  De fato ele perguntou “que devo fazer…” Será que podemos distinguir “ganhar a vida eterna” e “entrar no Reino de Deus”? A impressão é que “entrar no Reino de Deus”, fazer parte da comunidade de Jesus é algo mais exigente. A vida eterna se alcança no futuro, mas quem abandona tudo por Jesus começa aqui e agora uma vida que já é definitiva (já está recebendo cem vezes mais; só que tudo é acompanhado de perseguição).

Quem assume compromisso com Jesus que nada tem é sempre perseguido por aqueles que querem ter tudo, e que no seu poder se corrompem e se tornam injustos, violentos e contra os justos.

c) Então, rico não se salva?

“É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. Jesus apresentando esse grande contraste entre o tamanho do camelo e a pequenez do buraco da agulha, indica uma impossibilidade de salvação para o rico. Mas para Deus nada é impossível. Então parece que “rico” enquanto rico não se salva, mas Deus pode fazer o rico partilhar seus bens como fez com Zaqueu: portanto, deve ser  na conversão, partilha e opção pelos pobres que está a chance de salvação para os ricos. O resto é confiar na infinita misericórdia de Deus!

Por: Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Emérito de Caratinga

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