Não podemos esperdiçar os espaços onde é possível formar a consciência cívica, social e religiosa das pessoas, nos diversos aspectos da vida humana. O voto é um dos atos sagrados na vida dos cidadãos, porque expressa atitude de liberdade e de responsabilidade para com a sociedade. É questão de compromisso com o verdadeiro sentido e a qualidade de vida de todos, no espaço de convivência.
Dizemos que é o Senhor quem sustenta a vida humana. Mas Deus espera das pessoas atitudes que geram harmonia social e vida digna, que só acontecem quando todos assumem juntos o que é necessário para essa realidade. Significa deixar de lado as paixões vazias, causadoras de votos interesseiros, para viver o amor e a fraternidade, contribuindo com o bem de todos.
Votar no “meu” candidato pode não ser a melhor opção no momento, aquela que deveria beneficiar a todos. O voto deve estar acima de qualquer interesse particular porque, na visão bíblica, “o primeiro na comunidade deve ser o servo de todos” (cf Mc 9,35). Não servo de um interesse excludente, que não beneficia a maioria. O poder político não pode ser campo de vaidade, mas de serviço.
No campo político podemos identificar duas formas de agir: ou prática de justiça, de forma sábia, ou de injustiça, dolosa. Tudo aqui depende da identidade pessoal, tanto do candidato a ser eleito, como daquele que vota, poque exige de ambos, responsabilidade. A hora é de colocar em prática a sabedoria divina, que é “pura, pacífica, modesta, conciliadora, misericordiosa e gera bons frutos” (Tg 3,17).
Os comícios e contatos corpo a corpo marcam a Campanha Eleitoral, mas não basta para conhecer bem o perfil do candidato, principalmente daquele que aparece apenas nesses momentos. Olhar também a história de sua vida pregressa, como age na comunidade, na família, nos negócios etc. Há um ditado popular que diz assim: “Quem é falso no pouco, será também no muito”.
Jesus é exemplo de um bom candidato, porque doa sua vida até a cruz. Ele não tinha pretensões ambiciosas e nem interesse por vultosos salários. Alguns dos discípulos não entenderam a política de Jesus e discutiam para saber quem seria o maior entre eles. Isto é o perigo do mal político, porque olha par si e não para as necessidades da comunidade, e será um prejuízo para todos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba