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A alegria do discípulo

O cântico de Daniel (Dn 3,57-88.56) rezado na Liturgia das Horas é um grande convite a bendizer ao Senhor. O louvor apresentado neste hino brota de toda a criação, desde os seres vivos até os elementos da natureza, envolvendo as águas dos mares, rios, peixes e tudo que habita nas profundezas da terra, dos mares ou nos espaços celestes. São as obras nascidas das mãos de Deus que devem proclamar o seu louvor.

Bem antes do nascimento de Jesus, já se encontrava no coração dos peregrinos expressões de fortalecimento da intimidade com Deus e da alegria interior. Porém, os tempos foram passando, novas situações surgiram e as notícias boas e ruins têm mais facilidade de circularem devido aos avanços tecnológicos. O que normalmente mais se gosta de propagar são as notícias que entristecem e mostram as dores do mundo e das pessoas.

Em meio às situações de sofrimento, faz-se necessário ressuscitar a alegria, pois ela é um sentimento próprio de Deus e dos seus filhos. É preciso encontrar alegria no olhar, na fala, no relacionamento, pois ela está aí para fascinar os olhos de quem a contempla. Se existe uma carência de alegria em muitos lugares e corações, não se pode negar que também a alegria que vem do Senhor está se espalhando sobre a terra e fortalecendo muitos a prosseguirem animadamente.

No começo do seu pontificado, o Papa Francisco publicou a exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”. Evangelho significa “boa nova” ou “boa notícia”. São palavras e atitudes que Jesus anunciou e realizou, pedindo então a seus discípulos que fossem portadores delas até os confins da terra (Cf. Mt 28,19-20). A alegria do Evangelho deve chegar a todos os corações, ajudando especialmente a espantar as trevas das notícias que abalam, que puxam para baixo e que fazem as pessoas viverem encolhidas e sem brilho.

Não podemos esquecer que Deus, ao nos criar, plantou a semente da sua presença alegre entre nós, pois ela é uma luz que precisa ser expandida.

No sermão da montanha, nas conhecidas Bem Aventuranças, Jesus convida os seus discípulos a se alegrarem, desejando com isso encher os seus corações de esperança. Deus é feliz e nos quer felizes. Existem algumas realidades muito simples e conhecidas de todos nós que precisam ser levadas em consideração no processo de ressurreição da alegria. São remédios para o fortalecimento da alegria: o amor, a fé e a esperança, o bom relacionamento, as ações de bondade e justiça, a palavra de Deus e as graças sacramentais.

A família também tem que se tornar o lugar primordial da alegria. Vejo muitos pais procurando alegrar os seus filhos enchendo-os de presentes, mas a verdadeira alegria está para além dos presentes. A alegria que nasce em Deus deve nos iluminar para que permaneçamos sempre no serviço alegre ao Senhor, que tem palavras de vida eterna. É muito bom encontrar comunidades alegres, povo santo e fiel, pois nos levam a olhar para dentro de nós, rejuvenescendo nossa alegria.

A experiência de intimidade de vida com Cristo suscita em nós a verdadeira alegria. São Francisco de Assis conseguia fazer até mesmo dos desafios um caminho para a alegria. Vale dizer que nem sempre ter alegria significa estar sorrindo o tempo todo. Mas há uma alegria interior que aflora como um combustível que aquece o coração humano, dando-lhe força para prosseguir. É o que muitos santos experimentaram na sua morte, numa entrega total a Deus.

Dom Messias dos Reis Silveira

Bispo de Teófilo Otoni – MG

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